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Foto: Divulgação/ND
Estado

Idosa morre após 20 dias sem energia em SC e filha denuncia falha da Celesc

Vítima morreu em meio ao frio sem aquecimento, perda alimentos e espera por religação.

Luan

Luan

Foto: Divulgação/ND

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Amélia dos Passos da Costa, de 86 anos, morreu na manhã de terça-feira (2) enquanto aguardava por mais de 20 dias a religação da energia elétrica de sua casa, em Antônio Carlos, na Grande Florianópolis. Ela não possuía débito com a Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina), que confirmou a adimplência.

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A família de Amélia afirma que o corte de fornecimento da rede ocorreu sem aviso em 10 de junho e prejudicou a sua saúde. Desde então, houve piora na condição física e mental da idosa ao longo do período sem energia elétrica. A Celesc justificou que o corte ocorreu porque um vizinho abriu um chamado informando que a fiação da casa de Amélia estava no terreno dele.

Segundo Cleuzete da Costa, de 45 anos, filha de Amélia, em razão da falta de energia, a sua mãe sofreu com a falta de regulação da temperatura da residência, localizada em um ponto alto da zona rural da cidade.

“Costumávamos manter o ar-condicionado ligado para manter a casa aquecida. A residência fica em uma colina, então é um local mais frio”, relata. Sem sistema de refrigeração, a família também perdeu todos os alimentos que estavam armazenados.

Impactos emocionais também foram citados por Cleuzete. “Ela era muito religiosa, assistia missa todos os dias. Gostava de assistir novelas também. Ela chorava muito por não conseguir”.

A morte ocorreu devido a problemas cardíacos e renais. A filha descreve que a mãe já possuía comorbidades anteriormente, mas que estava “saudável e com exames médicos em dia”.

“Ela [Amélia] era muito lúcida. Ela implorou para lutar pela religação da rede e que pudesse ficar na casa da família”, diz Cleuzete sobre a permanência da família na residência mesmo sem energia.

Celesc atendeu chamado de vizinho

O corte ocorreu no dia 10 de junho, após um vizinho registrar um boletim de ocorrência relatando que a rede elétrica passava pelo seu terreno. A ligação estava instalada na área há mais de 30 anos.

Segundo Cleuzete, a passagem da fiação pelo terreno do vizinho era necessária, pois a casa da família fica no fim da estrada rural. “Alegaram risco de choque elétrico. O vizinho não avisou e a Celesc veio e cortou, sem falar nada”, relata a filha, que morava com a mãe e cuidava dela.

A moradora descobriu a situação ao telefonar para a Celesc, na noite do dia 10, e ser informada do motivo do corte. Apesar de solicitar a religação, o pedido foi negado e, por um tempo, a família também foi impedida de entrar no terreno do vizinho.

“Ele era tratado como um filho pela minha mãe. Toda a família dele era tratada bem. Mas o vizinho foi um menino mimado e bateu o pé várias vezes, não querendo deixar a rede no terreno”, afirma a filha de Amélia.

A Celesc sustenta que, durante vários dias, os técnicos da empresa foram até o local, mas a posição negativa do vizinho impossibilitou a realização do serviço.

“A morte de minha mãe foi muito desumana, pois decisões judiciais tem que ser cumpridas e não foi. Com isso o coração dela não aguentou de tanta tristeza”.

Celesc diz que ainda não há infraestrutura para religar energia

No sábado (28), uma decisão judicial da 2ª Vara Cível da Comarca de Biguaçu determinou o reestabelecimento da energia elétrica no local, com prazo de 24 horas para realização do serviço. Uma multa para a Celesc, que poderia variar de R$ 500 a R$ 5 mil, também foi estabelecida.

Para contornar a situação, um dia antes, na sexta-feira (27), Celesc fez uma nova rede de distribuição, por outro caminho, ao lado do terreno do vizinho. Contudo, técnicos foram novamente ao local e constataram que “ainda não havia infraestrutura adequada para possibilitar a ligação pela nova rede e nem autorização do vizinho para uso da passagem anterior”.

Cleuzete, por outro lado, reitera que a empresa não fez os esforços necessários para resolver a situação. “A juíza deferiu o pedido de religamento, seus olhos brilharam ao saber do deferimento do caso, ela aguardou ansiosamente a religação, a equipe Celesc com a ordem judicial não usou a força policial, foi desumana e perversa”, desabafou a filha.

A decisão judicial, inclusive, menciona um parecer favorável da Defesa Civil para que fosse feito o restabelecimento do sistema. A filha segue morando no local, mesmo sem o restabelecimento da energia. Além disso, a família segue com ações para tentar responsabilizar a Celesc.

A empresa diz que “permanece à disposição da família para viabilizar a ligação, assim que as condições mínimas de segurança forem garantidas”.

Fonte: ND+


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